João Gilberto Noll e José Kozer escrevem sobre Cazas
Está saindo, pelo selo Dulcineia Catadora, a plaquete Cazas. Deixo aqui, parte do que João Gilberto Noll e José Kozer escreveram sobre o livro.
João Gilberto Noll
Num determinado ponto de “Cazas” destaca-se “a seiva dos geradores no ventre das lâmpadas”. O poema joga com esse circuito entre paredes, janelas, ruas, entre as coisas do mundo urbano, sobretudo, e às vezes contraditoriamente os atomiza de tal modo que aquilo que se chamaria de verso em outras manifestações poéticas mais discursivas posta-se em sua tensão de base –, pois que é de uma tensão primordial que se trata as três grandes peças do livro. Um sentimento assim talvez decorra da soberba materialidade das artérias dessa cidade indiferente ao autor do verbo, tão indiferente que este sente-se ofendido de caminhar “entre”, com pouca perspectiva de se integrar à passageira sina urbana. Às vezes, o sentido intra-doméstico parece marcado apenas nos seres naturais, como “o cosmético calcário do caracol (casa espiral infinita para dentro)”. A habitação humana “se recolhe para dentro” em situações muito especiais, como a da ausência decorrente das viagens. São palavras-espectros, sumárias, iluminadas pelos postes –, “Todo o resto um estado por definir”. Eis um acento viril, onde a graça é afetada por uma espécie de índole sarcástica: a voz reconhece que o amanhecer é pleno de afeto, sim, “e até deus se enternece”. O ritmo incisivo institui uma música de assertivas hieráticas que à primeira vista pode parecer impenetrável. Em leituras sucessivas, porém, o que se vê é que Márcio-André construiu uma obra definitiva ainda muito jovem. Eis um livro que demonstra o que há de melhor na nova poesia brasileira.
José Kozer
Es extraordinario el caudal poético entre los jóvenes de América Latina, tanto en español como en portugués, de Patagonia a La Habana, pasando claro está por Brasil. Y el libro de Márcio-André me confirma que ese florecimiento poético es verdadero y permanente, posible uno de los florecimientos más reales e importantes de este desastrado momento, ahí la poesía, su poesía, es fuego contra la inercia ambiente, y es aire contra el mercantilismo y el materialismo del capital y de la mediocracia política. Cazas me parece un libro de primera categoria.
Son poemas donde el lenguaje hurga, y al hurgar, al meterse en los microscópicos intersticios de la realidad, y de la realidad urbana, va gestando una casa interior, la del propio lenguaje, que de algún modo procura no sólo denunciar el horror, los canes y las violaciones contra una pared, los terremotos (Lisboa) que dan inicio a la misma ciudad que es otra, sino que además, sobre todo hacia el final del libro, procuran un espacio sagrado, yo diría ese espacio sagrado de la comunidad original, de la ciudad inicial, con sus perdidos rituales de iniciación.
Lenguaje que se desplaza para seguir hurgando y palpando, regenerando y rehaciendo, entendiendo. Lenguaje que sabe "armonizar" desde las asimetrías de la modernidad módulos diversos, módulos que no temen lo concreto, la descripción de lo concreto, y al mismo tiempo, universalizan. Reconstrucción, fundamentación, vuelta de revés a todo, a tantas cosas, pero no para dañar ni herir (esta caza no mata ni hace estragos en la casa, la urbe) sino para hacer de lo insólito una verdad habitable.
3 comentários:
Oi espectacular página , apreciei muito, secalhar poderiamos fcar blog palls :) lol!
Aparte de brincadeiras sou o Diogo, e assim como tu publico paginas embora o foco do meu espaço é muito distinto de este....
Eu escrevo páginas de poker que falam de poker gratis sem teres de por do teu bolso......
Apreciei bastante o que vi escrito outra vez
Voltarei!:)
Ps:Peço desculpa pelo meu portugues ruim
Parabéns, Márcio! Quanto a sua obra ser definitiva, concordo com o Mr. Noll. Eu acrescentaria, sem falsos recatos, q estamos, no mínimo, diante da maior obra poética do novo século. É idescritivelmente excitante poder acompanhá-lo tão de perto, e uma honra sem par.
Grande abraço, amigo!
P.S.: Como posso adquirir o livro?
Valeu Diogo e Fábio. Obrigado pela frequência, meus amigos :)
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