Roberto Juarroz
Periodicamente
se deve fazer a chamada das coisas,
comprovar uma vez mais sua presença.
É preciso saber
se por acaso estão ali as árvores,
se os pássaros e as flores
continuam o seu rodeio improvável,
se as claridades ocultas
mantém-se firmes na raiz da luz,
se os vizinhos do homem
ainda lembram-se do homem,
se deus cedeu
seu lugar a um substituto,
se teu nome é teu nome
ou já é o meu,
se o homem terminou seu aprendizado
em ser visto de fora.
E ao fazer a chamada
é necessário evitar um engano:
nenhuma coisa pode nomear outra.
Nada deve substituir o que está ausente.
Do livro Duodécima poesía vertical.
Tradução de Márcio-André
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